Faculdade Maurício de Nassau UNINASSAU | Ser Educacional
30 Junho
MEDICINA VETERINÁRIA
Obesidade nos Pets
Autor: Andrei Guedes
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A obesidade pode ser definida como uma doença de origem multifatorial, levando ao acúmulo exagerado de tecido adiposo no organismo animal, vale ressaltar que este tecido é um órgão endócrino ativo, desempenhando importante papel em diversos processos fisiológicos, desta forma animais obesos apresentam-se constantemente em estado inflamatório corporal, desencadeando várias desordens sistêmicas o que ocasiona uma diminuição na expectativa de vida do animal.

A obesidade vem atravessando a fronteira das espécies e, assim como na população humana, a incidência da obesidade nos cães e gatos tem aumentado, como demonstram diversos estudos no mundo, relatando e documentando os índices crescentes da obesidade em cães e gatos, estimando-se que 25 a 40% deles estejam obesos.

A obesidade não deve ser encarada apenas do ponto de vista da adiposidade, ou seja, acúmulo excessivo de tecido adiposo, mas também pela associação a importantes alterações metabólicas e hormonais no organismo. Essa doença predispõe os animais a distúrbios cardiorrespiratórios, articulares, diabetes mellitus, doenças do trato urinário, além de tumores e alterações na pele, visão e sistema imunológico.

A ingestão alimentar está relacionada ao desenvolvimento da obesidade, entretanto, outros fatores também podem estar envolvidos, tais como a predisposição ao sobrepeso em determinadas raças de cães, como Labrador, Boxer, Basset Hound, Cocker Spaniel, Dachshund, Beagle, Golden Retriever e Rottweilers, assim como em felinos, da raça Manx apresentaram-se mais predispostos à obesidade.

Outro fator que tem demonstrado importancia para o desenvolvimento da obesidade é o estado sexual, as fêmeas possuem uma taxa metabólica basal menor que os machos, por isso tem demonstrado maior suscetibilidade à obesidade. Animais castrados tendem a ser mais obesos gerado pela redução do gasto energético ocasionado pela desaceleração do metabolismo basal. Dessa forma, fêmeas têm apresentado maior predisposição à obesidade, e quando são castradas, o risco aumenta, tendo em vista que o estrógeno exerce um efeito inibitório no apetite, e com sua ausência um dos efeitos é levar ao maior consumo de alimentos.

Animais sedentários também apresentam maior disposição à obesidade, pois a ausência de atividade física leva a um desequilíbrio no balanço energético, conduzindo a um balanço positivo em consequência do gasto reduzido de energia.

A nutrição é um dos principais fatores relacionados a saúde e a condição corporal de cães e gatos. Nesse sentido, o tipo de dieta e outros fatores dietéticos têm demonstrado uma relação importante no desenvolvimento e no ganho de peso, como a alta densidade energética das dietas, o fornecimento de petiscos, sobras de alimentos, quantidade de alimento e o número de refeições ofertadas. É importante salientar que o aumento do mercado pet, com várias opções de alimentos hipercalóricos e/ou a falta de conhecimento e orientação do tutor sobre nutrição, vem favorecendo o aumento de peso excessivo, já que alguns tutores têm o hábito de oferecer guloseimas e petiscos aos seus animais de maneira exagerada.

 

 

 

Referencias

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Por. Andrei Guedes – Médico veterinário e professor do curso de medicina veterinária da Uninassau João Pessoa.

 

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