Faculdade Maurício de Nassau UNINASSAU | Ser Educacional
18 Novembro
Artigo
Hormônios no frango: mito ou verdade?
Autor: Andrei Guedes

            É comum ouvirmos falar sobre o frango como sendo uma carne magra, um alimento rico em proteínas e bastante consumido no Brasil e no mundo. Porém também é bastante disseminada pela população, veículos de mídia e até profissionais de diversas áreas, a possibilidade da utilização de hormônios na criação de frangos, fato que justificaria o seu rápido desenvolvimento.

            Antigamente, os frangos de corte eram abatidos com 60 a 90 dias. Hoje, esses animais conseguem atingir peso de abate (por volta de 3 kg) com, em média, 45 dias de vida. Então fica a dúvida: são utilizados hormônios na avicultura para promover crescimento acelerado nas aves? A resposta é NÃO! O alto desempenho demonstrado pelas aves é obtido graças a uma combinação de fatores como melhoramento genético, nutrição balanceada, manejo sanitário e condições ambientais ótimas.

            Com um efetivo de mais de 1,4 bilhão de galináceos (IBGE, 2017), o Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo; só em 2017 foram mais de quatro mil toneladas de carne de frango exportada in natura e industrializada.

            O uso de hormônios no frango é proibido pela Instrução Normativa do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento) nº 17, de 18 de junho de 2004, que em seu Art. 1º: “proíbe a administração, por qualquer meio, na alimentação e produção de aves, de substâncias com efeitos tireostáticos, androgênicos, estrogênicos ou gestagênicos, bem como de substâncias agonistas, com a finalidade de estimular o crescimento e a eficiência alimentar”.

            Vários estudos foram realizados nas últimas décadas e foi constatado que o uso de hormônios na avicultura seria inviável por conta da necessidade de injetar essas substâncias individualmente nas aves, visto que, se ingeridas misturadas à ração ou através da água, perderiam seu efeito sendo degradadas no trato gastrointestinal devido à sua composição proteica, sendo absorvidas da mesma forma como uma proteína alimentar. Em aviários com centenas e até milhares de animais por lote, tal manejo é inexequível.

            Além disso, o custo seria altíssimo, pois o hormônio do crescimento das aves não é produzido comercialmente e, caso fosse, a quantidade necessária seria elevada para cada ave e a administração teria de ser frequente, o que não compensaria tendo em vista o ciclo curto de vida desses animais. Os esteroides, por sua vez, em pesquisas, também não demonstraram efeito positivo no crescimento das aves, que justificasse seu uso, a despeito de um custo tão elevado.

            Então, por que ainda perdura o mito dos hormônios no frango? Em grande parte por desinformação da população e desconhecimento do ciclo de produção e da evolução da avicultura ao longo das décadas, também por conta de anúncios de algumas marcas de produtos provenientes da cadeia avícola que se dizem “hormone free” (livre de hormônios), o que, apesar de ser verdade,  induz o consumidor a pensar que alguns produtos ainda contêm substâncias proibidas por lei, fato que não ocorre.

            Então pode ficar tranquilo, a utilização de hormônios na produção de aves não passa de um grande mito. A carne de frango é saudável, rica em proteínas e acessível à maioria da população. Não é à toa que é a segunda carne mais consumida do mundo, perdendo apenas para a carne suína; embora alguns estudos demonstrem que nos próximos anos ocupará o primeiro lugar nesse ranking. Agora eu convido você a compartilhar essa informação no seu trabalho, círculo de amigos e familiares para ajudar a acabar com esse mito. Vamos lá?

 

Profa. Dra. Nayanne Lopes Batista Dantas.

Docente do curso de Medicina Veterinária, UNINASSAU - JP.

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