Faculdade Maurício de Nassau UNINASSAU | Ser Educacional
30 Novembro
PROVA
Chegando a hora da prova: como lidar com o “apagão”
Por Yalle Santos

Certamente essa é uma experiência comum a todos. Independentemente do quanto alguém se prepare para a prova, é possível, justamente na hora da prova, não lembra de nada.
 
O que está acontecendo? Para entender esse processo, será preciso compreender como funcionam algumas estruturas cerebrais:
 
1 O hipotálamo – é a ponte entre suas emoções e suas sensações físicas e tem fortes ligações com o sistema endócrino, que, por sua vez, é responsável pelos tipos e quantidades de hormônios fluindo em seu corpo.
 
2 O hipocampo. estrutura sub cortical, tem um papel de extrema importância tanto no aprendizado quanto na recuperação de fatos e conceitos. é uma espécie de porta da memória pela qual a informação deve passar para entrar e sair do cérebro.
 
3 O córtex pré-frontal (CPF). Localizado atrás dos seus olhos, onde se localiza a memória de curto prazo (a habilidade de guardar e manipular informações em sua mente); o controle de impulsos (a habilidade de reduzir respostas comportamentais indesejáveis); a tomada de decisões (a habilidade de selecionar uma resposta adequada entre duas possibilidades concorrentes) etc.
 
A partir desse entendimento, agora é possível compreender como o "apagão" acontece.
 
Quando se julga que o cenário é favorável e que não há "muito em jogo", é possível entrar no modo “cognição fria” (processos mentais lógicos e racionais). Nessa condição, o hipotálamo diminui a produção e liberação de hormônios-chave de stress, enquanto o córtex pré-frontal e o hipocampo estão trabalhando calma e confiantemente desimpedidos.
 
Considerando a situação de prova mais complexa e há "muito em jogo", geralmente se entra no modo “cognição quente” (processos mentais não lógicos e movidos pela emoção). Cognição quente normalmente é provocada por uma ameaça clara ou uma situação altamente estressante e geradora de pensamentos como: SE NÃO TIRAR UMA BOA NOTA NESSA PROVA SEREI REPROVADO. 
 
Sempre que uma ameaça é detectada, o hipotálamo estimula a criação de vários hormônios-chave de estresse, (norepinefrina e cortisol). E altos níveis de norepinefrina entram no córtex pré-frontal e servem para amortecer o disparo neuronal e enfraquecer a comunicação efetiva. Basicamente, esse enfraquecimento limpa sua memória de curto prazo (o que quer que você esteja pensando agora se foi) e impede o lógico e racional córtex pré-frontal de influenciar outras regiões do cérebro. 
 
Ao mesmo tempo, grandes níveis de cortisol entram no hipocampo e não só interrompem padrões de ativação, mas também (com uma exposição prolongada) matam os neurônios do hipocampo. Isso serve para impedir a capacidade de acessar memórias antigas e para distorcer a percepção e o armazenamento de novas memórias.
 
Concluindo: quando a prova é interpretada como uma ameaça e a reação de estresse é disparada, a memória de curto prazo é varrida, mecanismos de recordação são interrompidos e a cognição quente emocionalmente carregada, movida pelo hipotálamo (e outras regiões subcorticais) anulam a cognição fria usual e racional movido pelo córtex pré-frontal. Juntando tudo, esse processo leva ao "apagão", tornando difícil de ativar a atividade cognitiva lógica.
 
É possível evitar o "apagão", evitando o estresse e se preparando, de forma que a prova não seja vista como ameaça.
 
 
Adaptado de The Conversation, autor Jared Cooney Horvath e Jason M. Lodge, traduzido para o português por Julia Barreto