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12 Agosto
MEDICINA VETERINÁRIA
Termografia infravermelha na medicina veterinária
Autor: Beto Coral
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Sabe-se que todo corpo com temperatura acima do zero absoluto (-273°C) emite radiação infravermelha, em uma frequência eletromagnética, correspondente à sua temperatura. A termografia infravermelha (TIV) é uma tecnologia que consiste na utilização de uma câmera especial (termovisor) que consegue detectar a radiação emitida pelo corpo, transformando-a em temperatura e permitindo assim a avaliação do termograma (imagem gerada).

 

Figura 1 - Termograma de ovino.

 

Fonte: própria autora (2016).

 

Na história, vários estudiosos associaram alterações da temperatura corpórea à presença de doenças. Hipócrates, considerado o pai da Medicina, em 400 a.C., por meio de seus estudos concluiu: “Em qualquer parte do corpo onde houver excesso de calor ou de frio, a doença estará lá para ser descoberta”.

Utilizada na medicina humana há bastante tempo, a termografia infravermelha vem ganhando espaço na medicina veterinária por ser um método prático, indolor e que não oferece riscos ao animal ou ao operador da câmera. Os termogramas gerados são avaliados em um software específico que permite analisar o animal como um todo ou em partes separadas, onde cada pixel da imagem fornece um dado de temperatura local em um padrão de cores específico.

As imagens térmicas possuem padrões de temperatura e através da análise desses, pode-se atribuir as diferenças nas temperaturas a determinadas enfermidades e processos inflamatórios, promovendo o diagnóstico precoce das doenças. A TIV é utilizada também na esfera reprodutiva, para detecção do estro nas fêmeas e, nos machos, para análise dos reprodutores mais aptos através do exame da temperatura escrotal associada a outros índices da avaliação andrológica.

 

Figura 2 - Termovisor Fluke Ti25.

 

Fonte: www.fluke.com (2016).

 

A termografia infravermelha é um método complementar de diagnóstico, não invasivo, sem necessidade de contato com o animal, o que minimiza o estresse da contenção, evitando alterações em suas variáveis fisiológicas. Não possui riscos à saúde, pois a radiação infravermelha não é ionizante, podendo ser utilizada em qualquer espécie animal, independente do estado fisiológico ou idade.

Atua na promoção do bem-estar animal, pois é importante na detecção, por exemplo, do estresse térmico, por meio da mensuração da temperatura superficial do animal, avaliação feita em conjunto com a aferição da frequência respiratória, frequência cardíaca e temperatura retal. O aumento da temperatura superficial ocorre por conta da vasodilatação periférica e aumento do fluxo sanguíneo, o que facilita a perda de calor para o meio.

Estudos demonstraram a possibilidade de utilização da TIV para detecção de mastite subclínica em ruminantes, apresentando alta correlação com o teste California mastitis test (CMT). Ou seja, a termografia pode detectar alterações nos padrões de temperatura do úbere, sugestivas de inflamação e, aliada a outros testes, como o CMT ou a contagem de células somáticas (CCS) possibilita a intervenção antes que haja os primeiros sinais clínicos, evitando os prejuízos econômicos decorrentes desta doença altamente infecciosa e aumentando a qualidade de vida dos animais.

A termografia infravermelha também é utilizada na avaliação das construções rurais onde os animais estão alojados, através da análise da temperatura dos materiais utilizados nas instalações, verificando quais estão mais adequados para oferecer conforto térmico aos animais.

A TIV também serve para análise dos padrões de temperatura em diferentes densidades dentro das instalações, o que pode fornecer dados acerca do controle da quantidade de animais em cada alojamento, para garantir que os mesmos possam expressar o comportamento normal da espécie, evitando ainda perdas econômicas para os produtores. Na medicina desportiva, é relatado o uso da termografia em equinos atletas para prevenção de lesões e diagnóstico precoce de inflamações.

Dado o exposto, nota-se a importância dessa tecnologia devido a sua segurança e praticidade, bem como às diversas possibilidades de utilização na medicina veterinária. Vale ressaltar que a realização das imagens termográficas deve seguir padrões referentes à calibração de temperatura da câmera, preparação prévia do animal e controle do ambiente para que os resultados sejam padronizados e possam ser utilizados com boa margem de segurança, evitando erros de interpretação por falhas no procedimento. Devido a isto, deve-se buscar sempre a orientação de um profissional qualificado, atualizado e instruído, apto a manusear a câmera termográfica e capaz de interpretar com acurácia os termogramas gerados.

 

    Figura 3 (A) - Utilização da câmera termográfica.          (B) - Destaques em termograma de ovino.

 

 

Fonte: própria autora (2016)

 

Por: Prof. Dra. Nayanne Lopes Batista Dantas.

Docente do curso de Medicina Veterinária da Uninassau - João Pessoa.

 

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