Faculdade Maurício de Nassau UNINASSAU | Ser Educacional
08 Agosto
ARTIGO
Até onde vai o limite entre humanos e animais numa relação de convivência?
Autor: Andrei Guedes

Há anos, o convívio entre humanos e animais vem ganhando cada vez mais espaço. Inicialmente, numa perspectiva de domesticação, os humanos se aproximavam dos animais para aumento na disponibilidade de cabeças em uma determinada região/cercado e, consequentemente, obtenção de alimentos e assim progrediu até que os fossem vistos como membros companheiros.

Diversas espécies animais são possuídas visando a companhia dos tutores que são pessoas, muitas vezes, sozinhas. Dentre as espécies domésticas mais comuns, podemos mencionar os cães e gatos. No Brasil, segundo dados de 2017, estima-se que essas duas espécies animais somam juntas em exemplares, mais de 74 milhões de animais, sendo que uma parte deles encontra-se dispersa nas ruas (animais errantes e semi-domiciliados) e outros são animais domiciliados.

O quantitativo populacional de cães e gatos errantes soma, aproximadamente, 30 milhões de animais. Esse dado é importante, visto que muitas famílias têm uma tendência em abandonar seus animais sempre que ocorrem doenças graves e crônicas ou mesmo por negligência dos tutores que se negam levá-los a um médico veterinário periodicamente ou sempre que este venha a adoecer. Outros motivos associados ao abandono são falta de espaço, animal que cresce além do esperado, animal agressivo e animais que ficam gestantes sem planejamento do dono.

Cães e gatos domiciliados representam a maior parte da população de animais de companhia no Brasil e, como o afeto e a aproximação dos seres humanos em relação a tais espécies têm aumentado significativamente nos últimos anos, é perceptível as mudanças nos costumes de convivência, o que nem sempre é visto com bons olhos.

Numa ótica microbiológica, é fato que cada ser vivo possui sua flora microbiana com características particulares, a qual é formada conforme o local onde se vive, a alimentação da qual se serve e os desafios ambientais frente aos quais são expostos. Os seres humanos, embora apresentem boa resistência e defesa contra os micro-organismos corriqueiramente enfrentados no dia-a-dia, nem sempre dispõe da mesma habilidade imunológica para uma série de agentes patogênicos os quais podem causar distúrbios orgânicos graves, podendo culminar com quadros clínicos sérios, comprometendo a saúde, inclusive de forma irreversível, resultando, nalgumas vezes, em óbito.

Assim sendo, os relatos recentemente veiculados pela imprensa que mostram pessoas que foram gravemente infectadas por patógenos naturais de cães (matérias: Infecção por lambida de cachorro faz homem ter mãos e pernas amputadas. Fonte: notícias UOL em 04 de agosto de 2018 / Mulher contrai grave doença depois de 'beijar' seu cachorro. Fonte: Globo em 04 de julho de 2016) e que adquiriram, com isso, sequelas irreversíveis são exemplos que mostram o quanto as pessoas devem pensar antes de, aleatoriamente, adquirir um animal e, por questões puramente afetivas e expressivamente desregradas, se expor ao risco. É imprescindível que haja um mínimo de higiene sanidade, orientações estas que são ricamente prestadas por profissionais médicos veterinários.

Dentre as medidas preventivas destacam-se as vacinas e vermifugações, além do estabelecimento de espaços próprios para animais e para humanos.

Por: Andreey Teles -  Médico Veterinário – Coordenador do curso de medicina veterinária – UNINASSAU João Pessoa

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