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14 Janeiro
Conhecimento
Vigilância em fitoterapia: a importância do controle de qualidade em drogas vegetais
Por Andressa Almeida

Farmácia é tudo de bom, certo? Mas você conhece todas as áreas de atuação do farmacêutico? Prepara aí que, aqui na UNINASSAU, está chovendo conhecimento!

Vigilância em fitoterapia: importância do controle de qualidade em drogas vegetais (texto de autoria de Maria Cristiane Aranha Brito *)

 

Desde os primórdios das civilizações, plantas medicinais são utilizadas com propósito terapêutico com a finalidade de tratar os males e enfermidades. Associados ao propósito de tratamento e/ou cura de males, as plantas medicinais são seres vivos, possuem metabolismo próprio e consequentemente podem produzir substâncias consideradas toxicas, principalmente ao usuário.

Por ser considerado um ser vivo, os vegetais podem sofrer interferência do meio, o que fomenta o desenvolvimento de metabolitos que podem ser considerados substâncias de defesa do vegetal, mas que para o organismo humano, podem apresentar toxicidade.

Para promoção de um uso seguro e racional, a necessidade de um controle de qualidade é fundamental para evitar intoxicações, uma vez que essas podem ser simples ou até mesmo levar a óbito.

Drogas vegetais podem ser compreendidas como a planta medicinal ou suas partes que após processo de coleta, estabilização ou secagem, podem ser encontradas na forma integra, rasurada ou triturada, segundo a RDC n° 26/14. Diante desse processamento das plantas medicinais, a necessidade de controlar a qualidade desses produtos torna-se cada vez mais necessário, o que motiva ações de vigilância sobre esses produtos.

Um controle de qualidade de drogas vegetais baseia-se, primeiramente, no insumo que o originou: as plantas medicinais. Esse pode ser baseado em três etapas: autenticidade, integridade e pureza.

A autenticidade para ser realizada de forma adequada, consiste em realizar a identificação correta de um vegetal, que normalmente pode ser feito através da identificação de características morfológicas e anatômicas do vegetal, que devem ser comparadas a compêndios oficinais, como a Farmacopeia brasileira.

Uma planta medicinal considerada íntegra é aquela que possui quantidades consideráveis de metabolitos responsáveis pela ação terapêutica. Uma vez que a ausência esses metabolitos, além de desfavorecer a eficácia, ainda pode ocasionar riscos ao usuário.

Pureza consiste na ausência de microrganismos, ou em concentrações consideradas aceitáveis, uma vez que esses podem ocasionar na liberação de toxinas. Pureza também consiste na ausência de elementos considerados estranhos, como qualquer outro insumo que esteja presente que não seja a parte do vegetal que possui atividade terapêutica.

Nos últimos 15 anos, o governo em incentivo essas ações de vigilância, através da regulamentação de plantas medicinais, ou seja, o reconhecimento como uma terapia alterativa que pode auxiliar a alopatia nas políticas de saúde publica. Dentre esses incentivos, foi possível ressaltar a Politica Nacional e Plantas Medicinais e fitoterápicos (2006) e mais atualmente a Farmacopeia Brasileira (2019), que disponibiliza um módulo para tratar sobre plantas medicinais e suas partes que podem ser utilizadas como terapêutica.

Nesse sentido, a capacitação de profissionais farmacêuticos é de fundamental importância para a vigilância em fitoterapia, uma vez que aplicando os ensaios de qualidade de forma adequada, garante segurança e eficácia na utilização e assim promover um uso seguro e racional de plantas medicinais.

 

* professora Maria Cristiane Aranha Brito possui graduação em Farmácia pela licenciatura em Ciências biológicas pela Universidade Cruzeiro do Sul, mestrado em Ciências da Saúde. Doutoranda em biotecnologia, atua como docente na Faculdade UNINASSAU (São Luís), atuando nos cursos de graduação em Farmácia, Biomedicina e Nutrição desde 2015, onde participa ativamente de atividades de pesquisa.